A mobilização social é um vigoroso instrumento de defesa de direitos e poderoso para pressionar os Poderes no exercício de seus deveres, obrigações, finalidade pública, observância da supremacia do interesse público, zelo dos recursos públicos e gestão voltada à qualidade de vida do povo. Não existe um futuro promissor para uma nação de cidadãos servis e acomodados que entrega o poder aos legisladores permissivos, a uma justiça leniente e aos governantes negligentes, perdulários e ambiciosos que cobram impostos abusivos, desperdiçam dinheiro público, sonegam saúde, submetem a educação, estimulam a violência, tratam o povo com descaso e favorecem a impunidade dos criminosos.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

TENSÃO EM BRASÍLIA


ZERO HORA 21 de junho de 2013 | N° 17468

Fogo e invasão na sede da diplomacia



A noite de ontem foi de tumulto na capital federal. Manifestantes depredaram prédios públicos e entraram em confronto com a polícia.Os protestos deixaram 35 feridos, sendo três em estado grave

Com a paisagem da Esplanada dos Ministérios tomada pelo gás lacrimogêneo e o forte odor dos sprays de pimenta usados pela força policial de cerca de 3,5 mil homens no ar, a manifestação ontem, em Brasília, culminou a invasão do Palácio do Itamaraty.

Sede do Ministério das Relações Exteriores e abrigo de um acervo importante de obra de arte brasileira, o prédio teve vidraças quebradas e a escultura Meteoro, de Bruno Giorgi, que fica sobre o espelho d’ água, escalada pelos jovens.

Um princípio de incêndio foi gerado depois que ativistas lançaram coquetéis molotov contra o prédio. Policiais conseguiram conter o fogo.

Os manifestantes migraram para o Itamaraty depois que policiais jogaram bombas de gás lacrimogêneo contra a multidão de cerca de 30 mil pessoas que protestava em frente ao Congresso. Eles conseguiram, então, tomar a ponte que liga a pista da Esplanada dos Ministérios ao prédio do Itamaraty.

Os policiais recuperaram o controle sobre parte da ponte depois do arremesso de coquetéis molotov. Alguns manifestantes caíram no espelho d’água que circunda o Itamaraty. A maioria criticava as tentativas de vandalismo.

Confrontos deixam mais de 30 feridos

Parte dos policiais militares que acompanharam a passeata na tarde de ontem estava sem nome e patente no colete. Questionado pela reportagem, um sargento disse que não estava identificado “porque não quer”.

Os ativistas atiraram, no início da noite, duas bombas nos policiais que reagiram com spray de pimenta. Além da tropa que fez uma espécie de cordão de isolamento na Esplanada dos Ministérios, a cavalaria e o Batalhão de Operações com cães tentaram impedir a entrada no Congresso.

Ao final, os protestos deixaram 35 pessoas feridas, sendo três em estado grave – um homem teve traumatismo facial e possível comprometimento ocular, uma mulher sofreu corte na artéria da perna e um homem, traumatismo craniano.

Um policial também foi levado ao hospital com corte na cabeça. Pelo menos outros três militares ficaram feridos durante o confronto com manifestantes.

À tarde, o secretário-executivo da Secretaria de Relações Institucionais, Diogo de Sant’ana, recebeu uma lista de reivindicações endereçadas à presidente Dilma Rousseff e pedido de audiência no Palácio do Planalto. Segundo nota da pasta, os vários grupos têm oito pontos em comum: pedem políticas públicas e investimentos nas áreas de saúde, educação e transporte público e queixam-se de descaso diante dos indicadores crescentes de violência e falta de transparência do governo nos investimentos de dinheiro público nas obras da Copa do Mundo.

Já o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), deixou o Congresso ontem à noite pela garagem, evitando a manifestação. Ele classificou o protesto como “democrático e legítimo”.


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