A mobilização social é um vigoroso instrumento de defesa de direitos e poderoso para pressionar os Poderes no exercício de seus deveres, obrigações, finalidade pública, observância da supremacia do interesse público, zelo dos recursos públicos e gestão voltada à qualidade de vida do povo. Não existe um futuro promissor para uma nação de cidadãos servis e acomodados que entrega o poder aos legisladores permissivos, a uma justiça leniente e aos governantes negligentes, perdulários e ambiciosos que cobram impostos abusivos, desperdiçam dinheiro público, sonegam saúde, submetem a educação, estimulam a violência, tratam o povo com descaso e favorecem a impunidade dos criminosos.

domingo, 16 de junho de 2013

UMA MÁSCARA, DIVERSAS CAUSAS EM TODO O MUNDO

ZERO HORA 16 de junho de 2013 | N° 17463

PROTESTOS EM SÉRIE

Presente em diversos protestos ao redor do mundo, uma máscara com bigode e um sorriso sarcástico também marcou presença nas manifestações de Porto Alegre. O acessório foi utilizado por diversos jovens na Capital na semana passada durante passeata contra o aumento do preço das passagens de ônibus.

Distribuída como brinde no lançamento do filme V de Vingança há oito anos, a máscara virou símbolo de um grupo intitulado Anonymous. Sustentam que, assim como o protagonista do longa-metragem, lutam por liberdade. A primeira citação ocorreu no Canadá, quando teriam ajudado na prisão de um pedófilo.

Em 2008, o primeiro protesto público teve como alvo a cientologia, que tem o ator Tom Cruise como seguidor. A máscara foi incorporada por diversas pessoas em manifestações contra a austeridade como saída para a crise na Europa e nos Estados Unidos.

Em 2011, o fundador da organização WikiLeaks, Julian Assange, que divulgou segredos de Estado, aumentou a fama dos anônimos ao chegar ao protesto Occupy London Stock Exchange usando a máscara. Em Porto Alegre, jovens que usaram o acessório evitam a alcunha de Anonymous. Mesmo assim, preferem não se identificar, como uma manifestante que aceitou falar com a reportagem. Apesar de considerar interessante os ideais anárquicos do movimento, ela afirma que a intenção ao adotar a máscara – comprada em uma loja de fantasias no Centro – é principalmente não personalizar a passeata.

– É mostrar que o importante é o coletivo e não um nome ou um rosto em especial. Não nos organizamos como um grupo, havia várias pessoas lá que eu não fazia a mínima ideia de quem eram, utilizando a máscara também – conta.

Grupo invadiu sites do governo

Em São Paulo, integrantes do grupo Anonymous invadiram os sites das secretarias de Educação e de Transportes, da Polícia Militar de São Paulo e da Polícia Federal para apoiar as manifestações que ocorrem nas ruas da capital paulista. A atitude repete práticas adotadas em outros países. Na Turquia, vários sites do governo foram invadidos como retaliação à violência da polícia.

De acordo com a manifestante gaúcha, não há ligação entre o grupo local e o Anonymous nacional, responsável pela ação nas páginas na internet, e ações semelhantes não estão previstas em Porto Alegre.

– Movimentação na internet é muito importante para mobilização. Mas ações como essa (de invadir sites) são um tiro no pé – avalia.

A preocupação em proteger a própria identidade não é exclusiva dos jovens do movimento Anonymous. Outros manifestantes utilizaram máscaras do tipo ninja ou improvisaram panos para esconder a face, com o objetivo de não ser identificados. O artifício foi usado por um pequeno grupo para cometer atos de violência e depredar o patrimônio público.

– A nossa proposta é pacífica e não tem nada a ver com a destruição das lixeiras. É importante não generalizar. Certamente estaremos presente nos próximos encontros. A geração Facebook também sabe ir para a rua – afirma a estudante.

Detalhe ZH - Dos cinemas para as ruas

Símbolo de protestos ao redor do mundo, a máscara usada pelo movimento Anonymous foi popularizada em 2005 pelo filme V de Vingança, do cineasta James McTeigue. O longa-metragem é a versão cinematográfica da série de quadrinhos de Alan Moore. Inspirado na história do revolucionário inglês Guy Fawkes, que em 1605 tentou explodir o parlamento britânico, o autor criou o personagem V, um enigmático anarquista mascarado que, tendo Fawkes como ídolo, luta para derrubar um partido político que assumiu o poder na Inglaterra.


CADU CALDAS

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